DEPOIMENTOS
CONCEIÇÃO RODRIGUES
Amizade
Conheço Maria do Carmo, carinhosamente a chamamos de Carminha. Devia ter 3 a 4 anos de idade quando comecei a ter amizade com a Família Rocha, morávamos perto, a minha família e a de Carminha, ainda pequenina íamos brincar com suas irmãs. Carminha foi crescendo, mas era zangada, não gostava de brincar com ninguém, ninguém pegava nos seus brinquedos. As vezes que saía de dentro da casa ficava na área, no portão, chamando as pessoas que passavam, quem se aproximava Carminha mostrava a língua, fazendo caretas e saía correndo para se esconder.
Na época eu desconhecia a existência de pessoas portadoras de deficiências, para mim, Carminha era diferente só porque tinha características diferentes de seus irmãos, passou o tempo, a Família Rocha mudou-se para o Catulo da Paixão Cearense, em frente à praça, mas assim mesmo íamos, eu e minha irmã. Daí a família mudou-se para o Cutim no Anil, ficou longe e os perdi de vista, mas nunca esquecidos.
No ano de 1978, foi fundado o Centro de Assistência ao Excepcional Liza Maria, mantido pela Sociedade Pestalozzi do Maranhão. Fui contratada para trabalhar como professora, lá fui ter conhecimento dos portadores de deficiências e por coincidência reencontrei Carminha. Daí então, fiz o curso de especialização em Educação Especial, aí que entendi que Carminha era portadora da Síndrome de Down.
Na escola sua professora era Jovita, mas Carminha continuava como quando criança, zangada se alguém pegasse seus objetos, porém cuidadosa, aprendeu a zelar por seus pertences, gostava de chamar "nomes". Fazia suas atividades lentamente, mas bem feitas.
Carminha ausentou-se por uns tempos do Centro Liza Maria indo para o Centro Helena Antipoff.
Há mais ou menos cinco anos, retornou para, hoje Escola Especializada Liza Maria, com a mesma mantenedora Sociedade Pestalozzi do Maranhão. Na escola recebe atendimento pedagógico na sala de educação profissional. Outros atendimentos são feitos particulares com o acompanhamento da família.
Hoje Carminha é uma pessoa socializada, não diz mais palavrões, cuidadosa com tudo, fazendo sempre suas atividades com perfeição, ajuda a professora na sala de aula. Às vezes fica zangada com os colegas, mas é passageiro, logo fica tudo bem.
Conversamos muito eu e Carminha. Ela sabe que a conheço desde pequena, quando alguém fala para ela algo da família, como por exemplo: Carminha como se chamam teus irmãos?, responde a pergunta e diz: "Taí Conceição que sabe."
Carminha é muito feliz, mais feliz ainda com a família que tem ...
Parabéns
Conceição Rodrigues Professora
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Uma homenagem